quinta-feira, 12 de abril de 2012

Deus, o sniper, a velhinha e a abdução alienígena


A exumação de hoje é um filme-salada de gêneros: é policial, mistério, horror sobrenatural, ficção científica, fantasia lisérgica-religiosa, tudo junto misturado! O roteiro mirabolante dessa obra jamais passaria pela cabeça do líder da insana seita da Cientologia - o L. Ron Hubbard, caríssimos!

A produção mega cult na mesa de exumação do dia é "Foi Deus Quem Mandou" de 1976, do cineasta independente Larry Cohen, o mesmo cara que fez "Nasce Um Monstro".

A película começa mexendo num vespeiro extremamente espinhoso ainda hoje no mundo todo e já bastante polêmico naquele tempo nos States: a questão do fanatismo religioso como motivador de assassinos seriais. Um biruta portando um rifle com mira de precisão resolve subir no alto de um edifício de uma metrópole americana, mais precisamente em cima de uma caixa d'água. Dali, ele começa a assassinar transeuntes a esmo e, quando o policial protagonista vai prendê-lo, ele se joga pra morte gritando a frase que dá título a essa bizarra obra.

A partir daí, acompanhamos a investigação do dito policial - a propósito um católico adúltero -, que envolve outros malucos assassinos que alegam matar a mando de Jesus, um misterioso líder de uma seita esquisita, uma velhinha sinistra e casos de hipnose e histeria coletiva.

O interessante são as analogias entre a religião e os extraterrestres tipo "Eram os Deuses Astronautas?" do roteiro: a velhinha católica doida - e virgem! - alega ter concebido um bebê após uma abdução alienígena com direito a inseminação artificial e.t. nos anos 50, numa alusão à gravidez da Virgem Maria!  Sem falar no momento Caim e Abel em cena chave, em mãos feridas por estigmas parecidas com as chagas cristãs, além da bizarríssima parte em que as costelas de um personagem dão lugar a uma pulsante vagina, logo ali, à esquerda do umbigo!

Insanidades do roteiro à parte, esse é um filme independente bem atual que questiona essa maluquice toda de gente desvairada que resolve sair atirando em outras pessoas baseadas em supostos desígnios divinos. Também acaba criticando esses cultos pseudo-religiosos capazes de alterar o comportamento de pessoas desesperadas dispostas a engolir verdades construídas apressadamente.

É isso, caríssimos, trata-se de uma produção esquisita recomendada para quem gosta dos primeiros episódios do extinto seriado "Arquivo X"!

Trailer de "Foi Deus Quem Mandou" (Larry Cohen, 1976)

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