sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O "Primavera Para Hitler" do mundo real... no Himalaia!

Uma das maiores comédias de todos os tempos, em minha opinião, é "Primavera Para Hitler" (1968), de Mel Brooks. Dois malandros insanos (Gene Wilder e Zero Mostel, fenomenais!) do mundo da Broadway resolvem produzir intencionalmente o pior musical da história da humanidade (a ode ao führer - e ao bom gosto -"Primavera Para Hilter"!), declarar falência e se mandar pro Brazil (com z!) com a grana dos investidores!

Essa foi uma das primeiras obras de Mel Brooks, e é um filmaço sobre a história fictícia de se fazer um musical horroroso... mas o caríssimo leitor sabe muito bem que Hollywood está careca de fabricar bombas cinematográficas musicais na vida real!

Uma das melhores cenas do universo cinematográfico está em "Primavera Para Hitler", logo aqui embaixo!

L.S.D. cantando "Love Power" ("Primavera Para Hitler", 1968)

Mas a exumação de hoje é o bisonho "Horizonte Perdido", de 1973... que é remake! De um filme que originalmente nunca sonhou em ser musical!!! Mesmo que o primeiro filme de 37 nunca tenha sido lá essas coisas - o diretor do original, Frank Capra, foi um dos responsáveis, juntamente com os estúdios Waldisney, de produzir filmes de propaganda ideológica desliga-cérebro pro americano médio engolir a participação dos States na Segunda Guerra Mundial como uma batalha do bem contra o mal (olha só como as coisas não mudam!) -, acabou virando um clássico do escapismo americano, pois mostrou na tela o tão sonhado paraíso na Terra (Shangri-Lá!) naquela época horrenda entre duas guerra mundiais, de crise financeira e depressão econômica.



No original, os sobreviventes da queda do avião no Himalaiia acham uma cidade perdida na cordilheira no topo do mundo, e descobrem que a rotina lá é mais legal do que a do modo de vida ocidental civilizado. Nesse misterioso vale as pessoas são mais saudáveis, felizes e longevas! Agora no remake de 73 também, mas tem algo mais: por algum motivo inexplicável (deve ser o ar rarefeito, sei lá), todo o elenco do filme resolve querer cantar e dançar de forma desastrosa, independente do talento!

Tudo que era pra dar errado aconteceu nessa desgraça desse filme! Parece que o diretor dessa joça, um tal de Charles Jarrott, estava firme na decisão de tornar tudo cada vez pior: "Vamos pegar um filme não musical e transformá-lo numa espécie de 'A Noviça Rebelde' do Himalaia"? "Vamos chamar compositores que nunca escreveram canções típicas pra musicais de Hollywood, tipo Burt Bacharach ("what the world needs now... is love, sweet love....") pra compor coisas pseudo-hippies como 'Living Together Growing Togehter'"? "Vamos estereotipar tudo que é etnia oriental"? "Vamos contratar atores sem nenhum talento no canto e dança pra serem os protagonistas dessa desgraça"? "Vamos fazer pior ainda: já que ficou horrível a cantoria, vamos redublar tudo, do mesmo jeito que os lendários filmes trash de kung fu da década de 70"?

Como a resposta para todas as questões acima é positiva, o resultado foi o esperado: fracasso total de bilheteria, atores consagrados como Liv Ullmann e Charles Boyer passando vexame em busca de uns trocados, e o filme nunca foi lançado em VHS e em DVD!

Não recomendo esse musical nem pro pior inimigo: imagine que em Shangri-Lá você vira uma espécie de Highlander, vivendo por centenas de anos. Só que você não é surdo! Quero ver aturar a sua semi-imortalidade escutando aquele povo cantando mal pra burro! Se o paraíso é aquilo ali, pára o ônibus pra descer em frente aos portões infernais de Mefistófeles!

Olha a pagação de mico de Sally Kellerman - a personagem no original tinha câncer terminal, aqui ela quer férias do stress de Nova York! E cantando e sapateando na biblioteca! Cadê os avisos pra ela ficar quieta?

"The Things I Will Not Miss" ("Horizonte Perdido", 1973)


Olha só o que os "Highlanders" do Tibet fazem nas horas vagas, eles cantam a música da sementinha pro maternal do jardim-escola Tia Lalá entender de onde vêm os bebês e como se formam as famílias:

"Living Together, Growing Together" ("Horizonte Perdido", 1973)

Imagina ficar escutando isso por toda a eternidade, sem ter pra onde fugir! Horror eterno!

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