segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saia dos trilhos num trem maluco


Ano passado Denzel Washington atuou em  "Incontrolável", longa sobre um trem sem freio e carregado de produtos inflamáveis. Sem entrar na discussão sobre a enxurrada de filmes com locomotivas desgovernadas e assassinas (um desses até se chama "O Trem Desgovernado"!), é preciso dizer que o pepino nas mãos do sempre competente Denzel é bolinho.

Pois sempre podemos piorar a situação, não é verdade? Sintam o problema de Rob Lowe em 1999 apenas pelo título do filme que ele protagoniza: "O Trem Atômico"! Assim como a besta mecânica desenfreada  e mortífera de "Incontrolável", o colosso sobre trilhos aqui também não tem freio, está recheado de carregamento químico explosivo... mas ainda vem com uma bomba nuclear de brinde! Tudo porque o funcionário malandro da companhia ferroviária decidiu que a forma mais econômica de se livrar de um antigo artefato atômico russo é escondendo o dito cujo num carregamento civil como ferro-velho!

Em ambos os filmes o arauto metálico da destruição segue veloz e ameaçador em direção a uma indefesa cidade norte-americana, mas existe um pequeno detalhe na obra estrelada por Rob Lowe que precisa ser dito: para o trem desgovernado chegar no centro urbano (e cumprir o seu desígnio explosivo, como em qualquer bom longa catastrófico!), ele precisa subir e descer uma montanha.

Nesse tipo de longa é imperativo que todo e qualquer equipamento de segurança (como o singelo freio de emergência) nunca funcione. Mas aquí já e demais, não estou de brincadeira: mesmo sendo impossível pelos dogmas do roteiro parar o bicho, existe um momento em que ele chega no topo da colina e a velocidade é equivalente a alguém andando a pé! Um tronco de árvore no meio dos trilhos parava a coisa toda! Por que Rob Lowe não tira a bomba e/ou os produtos químicos dos vagões nessa hora? Mistério insondável! O trem atômico sobe colina e desce colina inexorável, ignorando as adversidades para realizar o seu terrível destino pirotécnico.

Para não estragar (muito) a surpresa, tenham em mente que o filme é uma bomba! De proporções nucleares! Mas, pensando bem, o pôster e o trailer já contam o final! Muito tacanho!

Trailer de "O Trem Atômico"(99), com Rob Lowe e a loirinha gostosa de "Beleza Americana":


Depois dessa, só mesmo embarcado no trem maluco com Ozzy Osbourne!

"Crazy Train"

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dez décadas de horror

Hoje Vicente Preço completa cem anos de medo, horror e desespero.

Definitivamente imortal.

Vincent Price cantando "Somewhere Over The Rainbow" em "A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes (1972)" com trechos desse  e do original, "O Abominável Dr. Phibes" do ano anterior:


A peleja de Vicente com a Mosca infernal ("A Mosca da Cabeça Branca" - 1958) 

"As Sete Máscaras da Morte (1973)", essencial:

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Stallone multimídia

O episódio do "The Dark One Podtrash" dessa semana (http://td1p.com/podtrash-37-hora-de-fugir-apos-os-comerciais/) apresenta mais uma vez o monossilábico e desfigurado herói das multidões: Sylvester Stallone! E reparem os caríssimos leitores que, além de metralhar e esfaquear pobres orientais malvados como o icônico soldado/super-herói Rambo, e apanhar, cair e levantar como o lutador Rocky, o talento de Sly se estende de forma surpreendente aos gramados: ele também sabe defender pênaltis no time do Pelé em "Fuga Para a Vitória"(81)!

Mas o que talvez muitos não recordem é que todo esse talento não se resume somente aos esportes e ao caos e destruição da arte de guerrear.

Rufem os tambores, porque Sly também é cantor! De country! Com Dolly Parton (a Fafá de Belém dos States)!

Medo, horror e desespero:

"Rhinestone - Um Brilho Na Noite"(84)


Essa é para quem é sádico e já sabe que vai inevitavelmente pro inferno mesmo   - e compreende que é muito difícil escutar algo tão horrível sentado no colo do capeta como a música (?) do final do filme que segue abaixo:


Abaixo, o estandarte que será empunhado com muito orgulho pelos Quatro Cavaleiros do Apocalipse quando baixarem à Terra dia 12 de dezembro de 2012 - a data do fim do mundo!


quarta-feira, 25 de maio de 2011

"-Comeu cocô, Beavis?" "-Yeah! Yeah!"

Segundo lendas e previsões de jogadoras de tarô confiáveis, os dois sujeitos mais imbecis e amorais que já passaram pela MTV voltarão no segundo semestre de 2011 nos States - é uma promessa. Sim! Beavis e Butthead não morreram! Só se esqueceram de como respirar...

Segue um momento fecal e lisérgico do filme de 1996 dirigido por Mike Judge dos dois estúpidos amantes do rock e da tevê, o "Beavis e Butthead Conquistam a América". Essa seqüência (recomendo que a assistam no mais sublime estado alcoolizado!), em que Beavis alucina depois de comer cocô com cogumelos no meio do deserto, é inspirada pelo trabalho do maluco Rob Zombie, tanto a música da banda "White Zombie" quanto os seus desenhos para o cenário de horror surreal:

Alucinação de Beavis no deserto


E sim, esse trecho insano tem mensagem subliminar! Diz para o espectador estudar bastante, se não quiser ter seu cérebro derretido pela televisão como os miolos desses dois retardados!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Em exibição num cinema itinerante perto de você!

Lá em Gana, do comecinho dos anos oitenta até o final dos anos noventa, muita gente das aldeias e vilas dessa empobrecida república africana  só teria acesso ao cinema mundial com o advento da tecnologia do VHS. Com um aparelho de videocassete, uma tevê e um projetor, era possível exibir filmes de ação e terror pro povo de forma itinerante e improvisada: de dia em clubes e afins, à noite ao ar livre mesmo.

Para atrair mais público a essas sessões amadoras, artistas locais eram chamados para pintarem pôsteres de divulgação dos filmes - a propaganda nas salas de exibição é bem comum nos cinemas ao redor do globo, nao é verdade? A diferença é que, em Gana, os artistas faziam os desenhos à mão com muita liberdade poética, pois muitas vezes não tinham contato com os pôsteres originais - e às vezes, caríssimos, nem assistiam ao filme!

Vejam, abaixo, algumas dessas verdadeiras pinturas em homenagem à setima arte dos artistas da supracitada nação africana em comparação com o pôster padrão. O resultado é único e fantástico - eles são melhores até que os filmes exibidos! Aposto que muita gente preferiria os pôsteres de Gana ao invés do original!


Anaconda (1997) na íntegra!

Aqui, só aparecem os olhos da Anaconda!



O Exterminador do Futuro II (1991)

O exterminador original é bolinho perto do ganense!



Cujo (1983) - que elegância simpática e estrábica a do cão assassino, não?


O pôster original da história de Stephen King
nem mostra o bicho



007 - O Espião Que Me Amava (1977)
O 007 com o "Roger Moore" original
infelizmente vem com menos testa




Uma Noite Alucinante (1987)

O pôster original da segunda parte da
trilogia do Sam Raimi até que tem o seu charme, mas...


Sonâmbulos (1992): Espetacular!

O pôster original e sem graça, percebam o
padrão: os originais nem dão pro cheiro!



Poltergeist II - O Outro Lado (1986) - com direito a Pazuzu! 


O original, também muito inferior!


O Massacre da Serra Elétrica (1974) - e do machado também!

O Massacre... original, que também
não chega aos pés dos africanos!


Com o fim do videocassete, esse tipo de exibição - e promoção - dos filmes quase acabou. Mas como o cinema itinerante é ganense e não desiste nunca, vejam alguns pôsteres mais recentes:

Navio Fantasma (2002)

Navio Fantasma sem gore!



Van Helsing (2004) - Esse pôster é muito melhor que o filme horroroso abaixo

O Van Helsing e sua turminha do barulho


Carga Explosiva (2002)

O Jason Statham é muito mais feioso aqui!

Viva Gana!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A peleja do desenho animado com a auto-ajuda

No tempo em que o canal a cabo de desenhos animados "Cartoon Network" era maneiro, passava "Space Ghost de Costa a Costa" e "Laboratório Submarino 2021".

Durante os intervalos dos desenhos, passavam vinhetas fantásticas (animadas, claro!) que ensinavam uma preciosa lição aos pequenos telespectadores, alertando-os para os perigos inerentes dos livros e filmecos de auto-ajuda.

Vejam o que acontece quando "Rupert", o peixinho dourado, resolve superar seus limites, virar artista e tentar a sorte no mundo televisivo (você vai gargalhar quando ele fica sem ar!):

"Rupert, o peixe artista"


Vamos aproveitar a deixa: fiquem com outra vinheta educativa, a do cativante cãozinho transbordando de pura fofura... e espumando de alegria!

"Cãozinho raivoso"

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A incrível viagem lisérgica do cérebro assassino com a flauta mágica


Na mesa de autópsia hoje, a exumação é diretamente no cérebro! "Brain Damage" (ou "Dano Cerebral", sacaram?), de 88, é filme dos bons do trasheiro Frank Henenlotter (ele também cometeu "Basket Case" e "Frankenhooker", inacreditáveis!) que lembra bastante a pegada "terrir" de Sam Raimi ou de Stuart Gordon. A questão é que tanto o clima demoníaco-zumbizado da trilogia "Evil Dead" do primeiro diretor quanto a atmosfera de "Frankenstein-zumbi" dos filmes da série "Re-animator" do segundo cedem lugar ao bisonho cérebro/parasita/assassino falante!

Sim, caríssimos, o garoto Brian (piadinha com "brain", sacaram?!) entra numa espécie de relação simbiótica com a tosca criatura do mal: o maligno injeta substâncias químicas azuis e viciantes no córtex do moleque e ele precisa encontrar vítimas com cérebros saborosos para saciar o faminto vilão rastejante. Aí o guri começa a sofrer alucinações megagrotescas, como essa a seguir:

Alucinação de Brian


Mas o bizarro não pára por aqui. Bem... a semelhança... fálica, digamos, do malvado cérebro falante "Elmer" com a flauta falante, "Freddie", do seriado infantil e surreal do começo dos anos 70, "A Flauta Mágica", é estarrecedora! Serão irmãos gêmeos tipo a "Ruth" e a "Raquel", um bonzinho e outro mau como um pica-pau?


"Elmer", o cérebro simbionte e comilão de "Brain Damage"


"Freddie", a flauta falante que vivia no bolso
do moleque de camisa amarela na série
"A Flauta Mágica"

Para azar de quem não se lembrava do seriado infantil e psicodélico onde tudo era colorido, falante e dançante, segue abaixo um pedaço de episódio (e tenho quase certeza de que os criadores usaram alucinógenos pra inventar isso aí, não necessariamente o narcótico azul do Elmer!) com direito a bruxa, castelo, dragão amarelo e árvores hippies:



E, se depois de um pouco de um típico programa dos anos 70 para crianças usuárias de ácido não derreteu os miolos dos senhores, preciso provar o parentesco do parasita com a flauta: rufem os tambores, pois o cérebro canta - e dança!



Para terminar essa grande viagem lisérgica, um comercial do "McDonalds" dos anos 70, perfeito para as crianças amantes de tudo o que vicia: hambúrguer direto da horta, pé de batata frita, LSD...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sexo, drogas e rock n'roll nos anos 90



É, esse lema jovem está ficando um pouco velhinho... diria até que já tem quase meio século!
A juventude dos anos 90 ficou presa num período de indefinição, desesperança e desorientação entre a queda do Muro de Berlim e a destruição das Torres Gêmeas.

"Trainspotting" é um filme de 96 do Danny Boyle ("Quem quer ser um milionário?", "127 horas", "Extermínio") bem interessante. Estrelado por Ewan McGregor, mostra o cotidiano desvairado de sexo, drogas e rock n'roll de jovens escoceses e as conseqüências de suas nem sempre sábias escolhas. Mas sem moralismo barato sobre drogas ou sexo, sobre o que é certo ou errado (porque esse tipo de maniqueísmo é de deixar qualquer um de saco cheio); pelo contrário, tem acidez de sobra - afinal, o protagonista Mark Renton vive dizendo que o álcool e o Valium - o comprimido que a mamãe adora - são drogas aceitas normalmente pela sociedade, muito diferente do caso da heroína (e nem quero me aprofundar nessa questão dos vícios e suas conseqüências).

Contudo, o filme é tão maneiro que tem espaço até para a crítica ao consumismo desenfreado (três anos antes do "Clube da Luta" com Edward Norton e Brad Pitt, a bem dizer!) e a acomodação do papel do jovem no mundo dos anos noventa em diante, mundo esse que vira e mexe destrói os sonhos e esperanças de quem está entrando na vida adulta.



Abaixo, o trailer água com açúcar, uma tentativa do estúdio em comercializar o fime como uma comediazinha adolescente normal:

Trailer oficial "Trainspotting"(96)


A seguir, o "trailer" sexo, drogas e rock n'roll embalado por "Heroin", do Velvet Undergorund:

Cenas de "Trainspotting" com música "Heroin" (Lou Reed)

terça-feira, 17 de maio de 2011

O feioso fedendo a Ferrero-Rocher flerta e fatura a fêmea fatal?

Mulheres gostam de chocolate. Mulheres gostam de homens. Segundo a brilhante lógica de alguma profundeza abissal desconhecida, algum "gênio" da publicidade uniu as duas frases e concluiu que o melhor desodorante do mundo será aquele que deixar o homem fedendo a chocolate. Só assim, necessariamente, o felizardo consumidor desse produto bisonho conseguirá atingir o objetivo de conquistar quantas mulheres ele quiser! E, de brinde, ainda pode atrair a atenção de cães, ratos e outros bichos escrotos no meio da rua! Genial!

Desodorante de chocolate



Augustus Gloop da "Fantástica Fábrica de Chocolates"
cresceu e ficou irresistível para a mulherada.

P.S.: Perdoem-me a ofensiva questão a seguir, mas ela implora pra vir à tona: um sujeito tão no osso usaria o hipotético desodorante à base de, vejamos... esperma?!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Faça a coisa certa

O governo é xereta, não importa o país. Em qualquer lugar do mundo, ele geralmente vive procurando se intrometer na vida particular dos seus cidadãos - o alvo de suas peças publicitárias se estende desde as crianças até aos anciãos que muitas vezes já estão de saco cheio com tanta pentelhação no finzinho da vida. São anúncios públicos veiculados na televisão, rádio, outdoors, etc. que buscam educar o comportamento do cidadão da maneira que melhor convier ao Ministério da Saúde ou algo que o valha. Algumas dessas campanhas são até maneiras (é verdade!) - para não dizer surreais...

Abaixo, um exemplo direto dos States, em que dois dos astros incontestáveis da garotada do começo dos anos 80 resolvem explicar à juventude americana os malefícios para a saúde decorrentes do hábito de fumar. São eles o R2D2 e o C3PO da série "Star Wars". De início, uma grande questão se apresenta: robô fuma?

Campanha Star Wars anti-fumo


Tradução "aproximada":
C3PO: "Fumar faz mal pros pulmões."
R2: "Hã... eu não tenho pulmões, sua besta! Me deixa em paz!"

Por fim, temos a seguir um anúncio (que ainda estou com sérias dúvidas se é verdadeiro, mas de todo modo bizarro demais para deixar passar) realmente preocupado com o bem estar físico do cidadão correto e pagador de impostos lá do mundo árabe: ser homem-bomba é prejudicial à saúde!

Campanha anti-suicídio explosivo


Sinistro!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O jazz, o gato, a censura e Al Capone

O carismático Fats Waller foi o cara. Suas habilidades de pianista-jazzista e compositor-bebum alçam-no entre os melhores nesse estilo, sem mencionar o seu talento de show-man já original lá pelos idos dos anos vinte em diante. Para se ter uma idéia do quanto o músico era consagrado, reza a lenda de que o poderoso chefão da máfia dos States, Al Capone, mandou seqüestrar Fats Waller para se apresentar na sua festa de aniversário  em Chicago. E o talentoso balofo do jazz, que não era bobo, tocou por três dias seguidos sob mira de revólver!

Abaixo, uma de suas festas de arromba - e de aluguel! Explico: no Harlem daquele tempo de racismo e segregação, muitos negros não eram necessariamente milionários (vejam só, isso se aplica à quase totalidade dos negros daquele época), e então organizavam-se as "rent parties" nos apartamentos para ajudar a pagar o aluguel do pessoal. Contratavam um pianista fodão e quem quisesse se embebedar e ouvir boa música a noite toda pagava um quarto de dólar na entrada.

"The Joint is Jumpin'" (Fats Waller)


Mas tanta festa não era bem vista aos olhos de uma parcela careta e conservadora dos Estados Unidos. O desenho animado de 1943 em que Fats Waller aparece como um gato malandro, o "Tin Pan Alley Cats" dos Estúdios da Warner Bros. da série "Merrie Melodies", foi banido por ser considerado racista para os padrões politicamente corretos daquele país lá pelos anos 60.

A história trata de um gato que antes de entrar numa boate escuta o aviso de um pastor-músico sobre as tentações lá dentro: vinho, mulheres e música. Obviamente, isso estimula ainda mais "Cats Waller", que acaba entrando e ficando tão alucinado com o que encontra no clube que vai parar num mundo de fantasia parecido com aquela cidade animada do filme do Roger Rabbit. O choque surreal é tanto que no fim, ao retonar, ele passa a integrar a banda do pastor em nome do Poderoso Chefão (o da bíblia, não o da máfia!).
Abaixo, o desenho alvo de tempestade em copo d'água:

"Tin Pan Alleys Cat" (1943)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Veja isso bêbado Parte II (ou Romeu e Julieta saíram para passear, matar e destruir)

Tarantino escreveu. Oliver Stone mudou tudo. O resultado, meus amigos, é um videoclipe gigante regado com caminhões de sangue e surrealismo. Não é brincadeira, caríssimos, acreditem quando digo que "Assassinos por Natureza" é um dos filmes de Hollywood mais violentos de todos os tempos, tanto pela edição de cenas mais veloz que o bote de uma cascavel e suas imagens frenéticas, quanto pelas idéias anárquicas e o polêmico conteúdo proposto.

Para potencializar essa verdadeira viagem psicótica/violenta/"roquenrroul"/caótica/psicodélica que é assistir um dos filmes mais interessantes de Oliver Stone, recomendo ao espectador estados alternativos de consciência: assista "Assassinos por Natureza" na mais completa manguaça! Da minha parte, sempre procuro estar no estágio mais encachaçado possível ao ver a singela e tocante história de amor recheada de assassinatos do casal de pombinhos apaixonados Mickey e Mallory (bem, a verdade exige que eu afirme que costumo estar bêbado quase sempre...) para aproveitá-la em sua totalidade!

A seguir, um brinde ao ébrio espectador com trechos sangrentos dessa maravilhosa e polêmica obra que transforma assassinos seriais em "cinema-pipoca" (seria esse filme o "Laranja Mecânica" dos anos noventa?)!

Assassinos por Natureza (94)





E para quem quiser mais, a seguir o clipe de "Burn", do macabro "Nine Inch Nails", que como não podia deixar de ser, compõe a trilha sonora dessa ode à violência:

"Burn" (Nine Inch Nails)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sloth do mal não gosta de chocolate


Como havia prometido no "Podtrash" dessa semana sobre o filme farofa "The Forbidden Dance" (http://td1p.com/podtrash-35-danca-proibida-nas-coxas/), aqui está a exumação do cultuado "Spider Baby", estrelado pelo ator que passou para a eternidade nada mais nada menos como "O Lobisomem" original dos anos 40, Lon Chaney Jr!

Nessa produção de 64, que só pôde ser lançada quatro anos mais tarde, a direção é de Jack Hill, pupilo de Roger Corman nos anos 60 e realizador de filmes "exploitation" famosos da década de 70 - como os recomendadíssimos "Coffy", "Foxy Brown", "The Big Bird Cage" e "Faca na Garganta". Em "Spider Baby",  o Lobisomem é o fiel motorista que cuida da família demente e perigosa portadora de uma doença degenerativa, e todos moram felizes numa mansão abandonada no meio de Deus me livre.

Um dos moradores doentes, caríssimos, é a versão lado negro do "Sloth", aquele retardado bonzinho comedor de chocolate e amigo da criançada que vive acorrentado no porão de uma casa afastada no clássico filme da "Sessão da Tarde", "Os Goonies". Adivinhem quem interpreta o "Sloth" das Trevas - que pega a vítima incauta, estupra, mata e dá os restos mortais de comer para os parentes canibais no porão da mansão (idêntica à da família Bates de "Psicose", diga-se de passagem)? É, adivinhão: é o abominável Sid Haig! No supracitado filme da Lambada, ele faz o silencioso e amazônico pajé-macumbeiro, e aqui ele interpreta um louco psicótico vegetariano (!) que também entra mudo e sai calado, mas cujo mote é "poder devorar tudo aquilo que conseguir agarrar", incluindo carne de gato!

Evidentemente, existem diferenças entre o "Sloth" bonzinho e o "Sloth" do terror. Os irmãos "Fratelli" do primeiro, aquela dupla de patetas incompetentes, saem de cena. Eles cedem lugar às irmãs de ar infantil e inocente à primeira vista, mas que são sensuais assassinas doidas varridas, totalmente obcecadas por facas e aranhas. E há outra diferença, mais crucial ainda, como não poderia deixar de ser. Enquanto o "Sloth Sessão da Tarde" usa maquiagem pesada para parecer deformado e hediondo, nosso querido Sid Haig não precisa de nada disso: ele é horroroso de nascença mesmo!


O galã Sid Haig como "Ralphie", o "Sloth" de "Spider Baby"

Recomendo com fervor essa exumação que une o Lobisomem original, o feioso Sid Haig, os parentes canibais do porão e o diretor de alguns dos melhores "exploitations" já produzidos, tudo embrulhado numa atmosfera estilo "Psicose". Isso porque temos a mansão assombrada repleta de pássaros empalhados pra todo lado, esqueleto deitado na cama e explicação psicológica pro comportamento depravado e psicótico dos protagonistas assassinos! Elemento psicológico, aliás, que o fodão John Carpenter também utiliza na criação de "Halloween": Michael Myers  é doente mental e assassino serial, vejam só!

Chamada de televisão para "Spider Baby"
      

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A linda história de amor no Asilo Arkham


O "Podtrash" dessa semana foi sobre ninjas (http://td1p.com/podtrash-34-ninja-assassin-de-pijamas/)! E como já mencionado por lá, o furtivo protagonista de "Ninja Assassino" é Rain, cantor pop coreano! Acontece que além de cantar no último volume na identidade civil real e esquartejar silenciosamente outros guerreiros mascarados esparramando sangue digital por toda a tela no filme, ele atuou numa obra de 2006 do sul-coreano Park Chan-Wook! Para quem não se lembra, esse sujeito é simplesmente o responsável pelo filmaço "Oldboy" (2003), que compõe a "trilogia da vingança" em conjunto com os imperdíveis "Mr. Vingança" e "Lady Vingança".

Bem, a obra de Park Chan-Wook que contou com a participação do cantor Rain como doente mental é o estranhíssimo romance "I'm a Cyborg But That's O.K." (algo como "Sou uma ciborgue mas tudo bem"), cuja ação se passa num hospício! E o maneiro é que o espectador assiste essa película a partir dos olhos alucinados dos internos, garantindo um aspecto todo surreal à exumação de hoje!

O doente mental supracitado é um cleptomaníaco de tal capacidade que ele acredita ser capaz de roubar um pedaço da alma dos outros - e quando faz isso contra um doido varrido, adquire até os "poderes" malucos da vítima, como por exemplo a "capacidade de voar" de uma obesa mórbida companheira de quarto da protagonista! Pois já que o filme é um romance, o par perfeito para um sujeito ladrão só podia ser a garota que acredita ser uma ciborgue assassina e que dá o título à coisa toda.

O gande problema é que ela está definhando de desnutrição, pois ciborgue que é ciborgue não come comida de verdade. A cena dela lambendo uma bateria no refeitório enquanto a obesa mórbida voadora devora sorrateiramente sua refeição é impagável!

Em suma, para fechar o ciclo ninja, é um filme interessante e original vindo lá do outro lado do mundo que vale uma conferida, mesmo com o final água com açúcar no estilo da canção dos anos 90 do ninja Jiraya (pois quem não se lembra da famosa abertura do seriado que dizia que "o poder do amor vai sempre existir" enquanto o Jiraya explodia carros com pessoas dentro no melhor estilo Al-Qaeda na época da saudosa TV Manchete?). Confiram abaixo a cena em que a protagonista (que mantém o pouco saudável hábito de trocar confidências com eletrodomésticos) surta e sai exterminando médicos desenfreadamente no sanátorio mais bizarro do mundo:

terça-feira, 3 de maio de 2011

Depois do Coelho Suicida, o Porco Egoísta

A seguir estão algumas tirinhas do cartunista Andy Riley, em homenagem ao verdadeiro espírito de porco!



"Wig Shop": Loja de perucas


"Costeleta de porco, salsicha, presunto defumado, bacon.
Eu nem gosto dessas coisas.
Eu só quero que os outros porcos morram".



"Saída de Emergência. Não Obstrua".



"Otários".

"Com licença, tem alguém sentado aí?"
"Não".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Deep Purple Super-Duper encontra o pirulito psicodélico no mundo de Marlboro

No início, Deep Purple mexia com o lisérgico e a psicodelia (como muitas bandas inglesas dos anos sessenta, aliás), apesar de muita gente lembrar apenas da sua fundamental e pioneira fase agressiva-metaleira ou hard rock pós-setenta, o que não é pouca coisa não! Mas antes dos anos setenta eles gravaram até "Help!", dos "Beatles", só que com uma roupagem-viagem!

"Black Night" - Deep Purple (1970)


Pois "Black Night" de 1970, um dos hinos do "Roxo Profundo", tem o seu arranjo influenciado de uma forma bem profunda (Rá!), pra não dizer quase idêntico, ao da música mais conhecida dos americanos não tão conhecidos do "Blues Magoos", a "(We Ain't Got) Nothing Yet", do álbum de 1966 que - dizem as lendas - foi um dos primeiros de estilo psicodélico, o "Psychedelic Lollipop" (ou, ao menos, a pôr o adjetivo "psicodélico" no título)! Confiram a inspiração "Austin Powers - Yeah! Baby!" (apesar de americana) de Deep Purple!

"(We ain't Got) Nothing Yet" - Blues Magoos (1966)


 
 
Blues Magoos e um dos primeiros álbuns psicodélicos
 
Mas aí, percebam, espalharam que esses caras foram lá e tiveram influência do arranjo do caubói Ricky Nelson, minha gente! Vejam só - e é certo que os caríssimos já desconfiavam: o rock é country! Confiram, portanto, a inspiração "Aiôu, Silver! - Ih-Ráá!" de Deep Purple! 
 
"Summertime" (versão de 1962 de Ricky Nelson para a música de George Gershwin de 1935!)