O carismático Fats Waller foi o cara. Suas habilidades de pianista-jazzista e compositor-bebum alçam-no entre os melhores nesse estilo, sem mencionar o seu talento de show-man já original lá pelos idos dos anos vinte em diante. Para se ter uma idéia do quanto o músico era consagrado, reza a lenda de que o poderoso chefão da máfia dos States, Al Capone, mandou seqüestrar Fats Waller para se apresentar na sua festa de aniversário em Chicago. E o talentoso balofo do jazz, que não era bobo, tocou por três dias seguidos sob mira de revólver!
Abaixo, uma de suas festas de arromba - e de aluguel! Explico: no Harlem daquele tempo de racismo e segregação, muitos negros não eram necessariamente milionários (vejam só, isso se aplica à quase totalidade dos negros daquele época), e então organizavam-se as "rent parties" nos apartamentos para ajudar a pagar o aluguel do pessoal. Contratavam um pianista fodão e quem quisesse se embebedar e ouvir boa música a noite toda pagava um quarto de dólar na entrada.
"The Joint is Jumpin'" (Fats Waller)
Mas tanta festa não era bem vista aos olhos de uma parcela careta e conservadora dos Estados Unidos. O desenho animado de 1943 em que Fats Waller aparece como um gato malandro, o "Tin Pan Alley Cats" dos Estúdios da Warner Bros. da série "Merrie Melodies", foi banido por ser considerado racista para os padrões politicamente corretos daquele país lá pelos anos 60.
A história trata de um gato que antes de entrar numa boate escuta o aviso de um pastor-músico sobre as tentações lá dentro: vinho, mulheres e música. Obviamente, isso estimula ainda mais "Cats Waller", que acaba entrando e ficando tão alucinado com o que encontra no clube que vai parar num mundo de fantasia parecido com aquela cidade animada do filme do Roger Rabbit. O choque surreal é tanto que no fim, ao retonar, ele passa a integrar a banda do pastor em nome do Poderoso Chefão (o da bíblia, não o da máfia!).
Abaixo, o desenho alvo de tempestade em copo d'água:
"Tin Pan Alleys Cat" (1943)
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