quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Jason-móvel



Em "Comboio do Terror", filme tema do Podtrash dessa semana, não só os eletrodomésticos, fliperamas e máquinas de refrigerante possuídos se sublevaram contra a humanidade; os caminhões decidiram liderar todas as máquinas assassinas na destruição dos seres humanos escravizadores dos inocentes veículos e cortadores de grama.

Tudo porque um cometa maligno passou na Terra, garantindo o poder necessário para  a vingança!
Essa pérola (culpem o Stephen King!) é de 1986, mas e se um meteoro igualzinho (meteoros satânicos seriam cometas angelicais caídos?) caísse na Terra um pouco antes, mais precisamente em 1974, o que teríamos?

Ora, a exumação zero orçamento de hoje! Um meteoro do mal com as mesmas propriedades animadoras do cometa de "Comboio do Terror" e dos "Transformers" caiu numa ilha abandonada da costa africana e o alvo da possessão alienígena é uma retroescavadeira, que vai matar os peões de obra que estão dando sopa por lá, um por vez! E o terror se chama "Killdozer"!

E o que é pior, a retroescavadeira assassina é insidiosa: ela é lenta, mas obstinada. Se move a dois por hora, mas é silenciosamente mortífera, a despeito do motor mega barulhento! E é sádica! Sempre que mata, acelera o motor toda contente, balança a pá gigante de metal alegremente e o escapamento libera fumaça negra de entusiasmo!

Frente tamanho horror e destruição da assassina serial, o desolado porém alcóolatra protagonista peão de obra pergunta:

- "Como se mata uma máquina?"

No que o outro peão sobrevivente retruca num tom sábio, de integrante da Mensa:

- "Ela é pesada demais pra gente pendurar... e grande demais pra enfiar numa câmara de gás!"

 É, nem Stephen King teve coragem de escrever um diálogo desses pro "Comboio do"Terror"...

Trecho da sinistra "Retroescavadeira Jason" de "Killdozer" (1974, de Jerry London) - a parte final do vídeo é inacreditável:


Ah, enquanto o Youtube permitir, o filme está aqui na íntegra:
http://www.youtube.com/watch?v=i5Wo_UKsCZM&feature=related

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Silêncio!



Homenagem ao cinema mudo não é novidade no século XXI! Existem obras maneiríssimas silenciosas e em preto e branco, bem à moda antiga, mas com um estilo mais moderno e todo especial.

Um bom exemplo é o "La Antena", de 2007, filme surreal, de fantasia, mórbido... argentino! E da mesma forma que George Valentin, o protagonista do oscarizado "O Artista" (2011), não consegue ser ouvido pelas pessoas que amam os filmes sonorizados, o povo da fantástica cidade da obra argentina não pode ser ouvida - eles só se comunicam por legendas de filme mudo! Isso porque o maléfico magnata Sr. TV roubou as vozes da população. E a única voz restante é a da estrela-cantora sem rosto (!) subordinada do terrível Sr. TV: La Voz!



É muito interessante o estilo visual e as brincadeiras com as palavras nas legendas proferidas pelos personagens. E  se o plano maligno do canalha do vilão for bem sucedido, ele ainda vai deixar todo mundo sem palavras, literalmente! Mas ele não contava com o fato de que La Voz tem um filho macabro e assustador (o moleque não tem olhos!!) que por acaso também tem o dom da voz! O garoto sinistro (estilo Damien!) se junta com a garota vizinha e os pais dela para impedir os planos loucos de monopólio da "Voz Única" e o posterior "pensamento Único" do Sr. TV! Genial!

Trailer de "La Antena" (2007, Esteban Sapir)

O filme parece infantil, mas está longe disso: ele é bem original, cheio de simbolismos e metáforas religiosas. Falando nisso, outra homenagem moderna ao cinema mudo é o "The Heart of the World", curta de seis minutos do surreal Guy Maddin, que também vem com símbolos religiosos, além de edição rápida dos cortes das cenas! Guy Maddin, diretor surrealista bizarro com estilo mórbido e assustador (será influência do David Lynch, um dos mestres do estranho?), também merece uma olhada atenta.

Curta "The World of The World" (Guy Maddin, 2000)


E já que falamos no David Lynch: bem-vindos ao "Clube Silêncio"!

"Llorando", trecho de "Mulholand Drive" (2001, David Lynch)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O amor, a geladeira e o bigode




Uma segunda-feira refrescante, caríssimos!

Em "O Comboio do Terror", filme do Stephen King esmiuçado no Podtrash dessa semana (http://td1p.com/podtrash-77-o-bonde-dos-demonicistas-sem-freio/), a guerra entre o homem e as máquinas está declarada!

Mas deixemos a verve assassina dos caminhões, rolos compressores, máquinas de refrigerante e caixas eletrônicos sedentos por sangue humano pra lá. Vamos focar no amor... Na linda história de amor entre um homem... e sua geladeira!

Aumentem o volume pra esse verdadeiro libelo contra o consumismo desenfreado: "Madame Frigidaire", do nosso querido fujão Belchior!

"Balada de Madame Frigidaire" (Belchior, 1988)

                                                  A namorada do herói... DENTRO da geladeira!

A terrível Geladeira Assassina!


A mais terrível ainda Geladeira Diabólica!

P.S.: Geladeiras de todo o mundo, sigam o exemplo de Madame Frigidaire! Façam amor, não façam guerra! 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O carnaval, o fim do mundo, a toalha... e a pornografia



Caríssimos, o carnaval está no fim (assim como a cerveja...), mas a sanha em falar de filmes estranhos sobre o apocalipse ainda não acabou - e nem a ressaca, pelo jeito...

Hoje falaremos de um filme não apenas esquisito! É um filme esquisitaço que pode muito bem definir o termo esquisitice em qualquer dicionário! A obra: "Final Flesh" (2009), ou "A Carne Final", em tradução tosca do inglês para o português!

Imaginem que um cineasta underground quer contar quatro pequenas histórias diferentes sobre famílias (pai, mãe e filha) em seus respectivos apartamentos à espera do fim do mundo, contendo diálogos filosóficos acerca do sentido da vida e cenas surreais de ressurreição, tudo com orçamento caseiro. Não está estranho o suficiente? Pois bem: imaginem que esse mesmo cineasta contratou quatro equipes especializadas em  filmes pornô, uma para cada  história! Entre 2002 e 2009, ele mandou um roteiro pra cada uma dessas quatro empresas pornográficas amadoras (nos States tem companhias que filmam taras sexuais inimagináveis ao gosto do freguês e enviam o videotape final pro cliente satisfeito!), e cada equipe se responsabilizou pela filmagem, direção, edição e... atuação (!) da sua parte!

Caríssimos, é isso mesmo: são atores pornôs amadores elocubrando sobre a existência frente ao fim do mundo iminente! Em meio a tosqueiras zero orçamento do roteiro escalafobético do inventor dessa sandice toda!

E se preparem pra cada episódio mais bizarro que o outro: tem atores cheirando o suvaco dos outros, tem mulher dando à luz e amamentando um bife (!?) enquanto a mãe deseja se banhar em sangue de anjos e lágrimas de crianças (!?!), tem uma moça com máscara de caveira infernizando um sujeito em seu leito de morte, tem leitura do Corão no vaso sanitário, tem atores que simulam uma dupla penetração numa concha do mar enfiando ketchup nela com aqueles conta-gotas de rechear frango enquanto gemem orgasmos (!?!?!?). Lá pelo último segmento o diretor pornô levou a sério a idéia de "fomos contratados pra fazer um filme de arte trash" e dá-lhe cenas com sombras, jogo de câmeras e o escambau a quatro! Sem falar que as atrizes daquela parte são as mais gostosas do filme todo!

Pra quem ficou curioso com essa pérola, vá lá e assista, mas tenha em mente que são atores pornôs amadores fazendo um filme "avant-garde"! Realmente, é só pra quem tem fetiche pelo fim do mundo (sacaram?).

 E eu ainda não falei o nome do "gênio demente" porque quis deixar o choque pro final: trata-se de Vernon Chatman, comediante, roteirista de séries de tv e, pasmem, dublador da Toalhinha Maconheira do desenho South Park! Horror eterno!

O alter ego do criador de "Final Flesh"

Trailer pro DVD de "Final Flesh" (2009) - pois é, saiu direto em DVD, que surpresa!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quitinete do apocalipse



Prossigamos em nossa saga do armagedon carnavalesco, caríssimos!

O filme de hoje é comédia britânica nonsense estilo "O Cálice Sagrado", só que versão Apocalipse!

"The Bed Sitting Room", de 1969, mostra os escombros da Inglaterra após a Terceira Guerra Mundial, o conflito mais curto de todos os tempos - dois minutos e meio, que inclui até a assinatura do tratado de paz! E alguém tinha alguma dúvida de que caso uma hipotética guerra nuclear aconteça, ela será necessariamente mais instantânea do que preparar um Nescau?

Trata-se de uma história surreal de humor negro, onde personagens bizarros vão surgindo sem intervalo pra descanso e situações mais estranhas ainda vão acontecendo com eles. O cenário é pós-apocalíptico: as pessoas moram em condomínios de automóveis que agora viraram apartamentos, tem edifícios contruídos com fogões e famílias inteiras habitam os vagões do metrô londrino.

Os personagens poderiam muito bem ter saído de um sketch do inesquecível programa do Monty Python: a mocinha do filme está grávida há dezessete meses de um bebê-monstro horroroso, e tem um maluco que pedala incansavelmente sua bicicleta para alimentar o dínamo gerador de energia pro país continuar funcionando. E isso foi num filme surreal de 69, mas será que alguém lembra da hedionda reportagem do Jornal Nacional na época dos apagões elétricos de 2001, que mostrava o racionamento de energia do Brasil e destacava um imbecil pedalando frenética e alegremente sua bicicleta pra acender uma (uma!) lâmpada da sua casa? O demente pedalava enquanto bradava entusiasmado: "Eu faço a minha parte!" É, o fim do mundo é aqui...

Mas o detalhe realmente surreal do filme é que a radiação nuclear provoca mutações nos sobreviventes desse mundo, e tem gente que se trasforma em coisas inacreditáveis:  a mãe da mocinha vai virando um armário aos pouquinhos, e outro personagem se transforma numa quitinete no meio do nada (quitinete lá é o tal do "Bed sitting Room" que dá título à produção)! Pra coroar o filme com aquele humor inglês característico - que conta com Dudley Moore e o zoiúdo Marty Feldman no elenco - existe uma cena memorável onde o papai da infeliz da mocinha se metamorfoseia num papagaio cujo destino é se tornar janta naquele lugar repleto de famintos! Mais Monty Python impossível! Não esqueçam da cena do Papagaio Morto na Loja, que inclusive foi ao ar no mesmo ano desse filme!
 
Não percam, o clima é de absurdo desde o início! Nos créditos iniciais, o elenco é listado não em ordem alfabética ou de aparição, mas sim em ordem de altura! O nanico Dudley Moore, que faz quase uma ponta aqui, encabeça a lista de atores triunfalmente, vários anos antes de proagonizar "Arthur, o Milionário"!

O trailer de "The Bed Sitting Room", 1969, de Richard Lester

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Highlander bom, o Coringa mau e o Papai Noel feio



Continuando nossa saga de filmes sobre o fim do mundo na semana que antecede o Carnaval, vamos viajar pra Macedônia!

A estranhíssima obra de hoje foi realizada em 1998, durante um momento conturbado de guerras civis naquele novo país dentre outros nascidos a partir da Iugoslávia despedaçada. Lembrem-se que tinha gente que realmente acreditava que o mundo podia acabar em 1999, e naquele momento caótico dois diretores dessa nova nação resolveram expressar esse sentimento apocalíptico e de indefinição sobre o futuro da Macedônia no cinema, com "Zbogum na dvaesetiot vek", ou em inglês, "Goodbye 20th Century!"

Como o título pode sugerir, o filme é uma grande brincadeira surreal com a fragmentação do tempo e do próprio roteiro. O começo da obra mostra o fim, um lugar inóspito e distópico do ano de 2019 onde um sujeito imortal (estilo highlander) quer morrer mas não consegue. O meio do filme é o começo, onde assistimos a filmagem pioneira do primeiro casamento incestuoso e a primeira cena de assassinato da Macedônia em 1900, o começo do século XX. O final da película é o meio (se passa na noite de 31 de dezembro de 1999), e descobrimos como um funeral e um Papai Noel esquisito foram responsáveis pelo fim do mundo!

E tome bizarreira! Na primeira parte, pós-apocalíptica, o highlander era broxa, pediu milagre da santa de carne e osso, foi atendido e então papou-a na igreja mesmo! Resultado: as criancinhas daquela tribo começaram a morrer e o padre cyberpunk tenta sentenciar o imortal pecador à morte!
Vagando pelo mundo desejando o próprio fim, encontra o profeta disfarçado de barbeiro que jura que ele encontrará seu destino depois de assassinar uma espécie de Coringa inimigo do Batman versão Macedônia e fazer sexo animal numa banheira entupida de maçãs verdes!

A segunda parte é curtíssima, e a terceira mostra o velório mais esquisito de todos os tempos: envolve um ataque de flatulência geriátrico, cocaína e o espancamento do Papai Noel que está devendo o aluguel pros parentes do morto (é a versão natalina do Seu Madruga do Juízo Final!) ao som de Sid Vicious cantando "My Way"!!!

É um filme surreal bizarríssimo, e alguns elementos me lembraram obras do diretor/místico Alejandro Jodorowsky, como "Fando e Lis" (pelo contexto pós-apocalíptico e pela jornada estranha do casal) e do Aronofsky, como "A Fonte da Vida" (a brincadeira narrativa com o tempo e a questão da imortalidade), juro!

Não é cinema pra todos os gostos, mas o momento caótico de uma sociedade desnorteada com o seu passado retalhado e preocupada com as incertezas do futuro daquele país no final do século XX está bem representado com essa pérola aqui!

Cena do velório, em macedônio apocalíptico!



Ah, o filme na íntegra está aqui, com legendas em inglês (enquanto o Youtube permitir):

http://www.youtube.com/watch?v=x_xPS_5tcDo&feature=related

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O homem é o lobo do homem



Um excelente começo de semana. caríssimos (ao menos enquanto ainda existirem segundas-feiras!). Estou na pilha de filmes sobre o fim do mundo! Primeiramente, graças ao post do Latrina no Cinemasmorra (http://cinemasmorra.com.br/tag/horror/feed/) e depois por causa do episódio do Podtrash sobre o Apocalipse (http://td1p.com/podtrash-75-chorume-filmes-de-apocalipse/)!

Por isso, nessa semana - se a internet permitir, claro - só teremos filmes estranhos, bizarros e alternativos sobre as respostas da humanidade à desintegração mundial, de hoje até a Quarta-Feira de Cinzas - se a cachaça deixar, é claro!

Vamos começar com um depressivo e angustiante, mas também um dos melhores filmes pós-apocalípticos, e logo de quem? Do "Senhor Minha Vida de Cachorro" Michael Haneke (mas quem foi que disse que sobreviver ao fim do mundo era fácil? - aliás, quem disse que era fácil viver e ponto!).

Em "Les Temps du Loups", logo de cara duas pedras fundamentais da segurança burguesa classe média são estraçalhadas: a casa (o núcleo familiar de protagonistas resolve fugir do caos urbano decorrente do fim do mundo indo pra sua casa de campo, mas já tem gente morando lá...) e a família (o pai é assassinado pelos invasores imediatamente!). E então os sobreviventes (a mãe Anne - Isabelle Huppert -, a filha adolescente e o garotinho) não terão direito nem à solidariedade dos poucos vizinhos que moram lá naquele fim de mundo (outro fim de mundo!), e vagarão sem rumo por aquele lugar rural espaçosamente claustrofóbico (!).

Haneke não poupa esses três em nenhum momento: estão sozinhos, à deriva, sem teto, a água é toda contaminada, e em um determinado momento são privados até de luz, ficam imersos em completa escuridão! Eles vão parar numa estação de trem onde um cavalo é morto de verdade em frente às câmeras e um sujeito canalha manipula as pessoas que acreditam que ali chegará o trem da esperança, que os levará para um lugar melhor. O molequinho filho da Huppert com menos de uma década de existência chega à maturidade de fazer um importante questionamento sobre a vida!  

A angústia, o desamparo e o desespero são pré-condições para a liberdade existencialista do humanismo, já dizia Jean-Paul Sartre! Pode parecer contraditório, mas se pararmos para analisar um pouquinho, depois que todas as sensações de falsa segurança são destruídas (a casa, a família, o emprego, as convenções morais e sociais de um "mundo normal" e até a própria esperança), o que sobra para o homem? Viver, ora bolas! Um longo e lento dia depois do outro, em busca de abrigo, comida e trocar experiências com outras pessoas no mesmo barco (e tirando todos os frufrus supérfluos de nossas vidas confortavelmente óbvias de classe média, não é isso mesmo?).

O que o filmaço do Michael Haneke mostra de forma muito poderosa - e radical -, entre outras coisas, é a rotina da desesperança, a luta pela vida, e a capacidade do ser humano em ser escroto para com o próximo.

Em suma, é o filme mais próximo da realidade em caso de crise apocalípitca. Esse aqui é muito especial: não vem com trilha sonora pra destruição da Terra! Mega recomendado!

"Les Temps Du Loup" (2003, Michael Haneke)


PS.: Angélica Hellish, esse post é dedicado a você!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Louie, o vil mutante








Iggy Pop regravou. Motörhead e The Doors também. O mesmo se deu com The Clash, Led Zeppelin, The Kinks, Patty Smith, MC5, Smashing Pumpkins, Paul Revere & The Raiders, The Pretenders e mais um porrilhão de gente. Uma das músicas mais regravadas e modificadas da história da humanidade - "Louie, Louie"! (a introdução do primeiro hit dos The Kinks, "You Really Got Me", veio dela) -, também foi considerada uma das canções mais obscenas de todos os tempos! Como? Não sei!

O FBI passou anos estudando a complexa estrutura dos versos e o intrincado significado da letra em busca de conteúdo subversivo, imoral e obsceno a pedido das "zelosas" famílias conservadoras dos States da década de 60. Nem preciso dizer que o fato dessa canção ter sido alvo de investigação federal uado dinheirinho dos contribuintes americanos - catapultou o interesse dos adolescentes por ela! Conseqüência: "Louie, Louie" tocava em tudo quanto era festa de arromba!

A versão investigada foi a da banda "The Kingsmen", gravada em 1963 e que tá aqui embaixo:


A letra hermeticamente torpe está aqui, em tradução tosca do inglês para o português:

"Louie, Louie, oh não, mim tem que ir, iéíéiéiéié bebê
Louie, Louie, oh bebê, mim tem que ir

Uma pequena garota supimpa esperava por mim
Mim pegou um barco, atravessei o mar
Mim navegou o barco sozinho
Mim nunca imaginou que chegaria em casa

Louie, Louie, oh não, mim tem que ir, iéíéiéiéié bebê
Louie, Louie, oh bebê, mim tem que ir

Três noites e dias eu naveguei o mar
Mim pensa na garota constantemente
No barco, mim sonha com ela lá
Eu cheiro a rosa no seu cabelo

Louie, Louie, oh não, mim tem que ir, iéíéiéiéié bebê
Louie, Louie, oh bebê, mim tem que ir
Ok, vamos dar isso pra eles agora mesmo

(solo de guitarra)

Mim vê Jamaica, a lua acima
Não vai demorar me ver apaixonado
Mim pega ela nos braços e
Digo que jamais a deixarei de novo

Louie, Louie, oh não, mim tem que ir, iéíéiéiéié bebê
Louie, Louie, oh bebê, mim tem que ir
Digo que temos que ir agora
Vamos sair daqui
Vambora!"

Caríssimos, que investigação mequetrefe do FBI, hein? Eita sorvedouro estúpido de dinheiro dos contribuintes americanos!

Cadê o sexo vil, a obscenidade podre destruidora de jovens e impressionáveis mentes nos versos? Eu não achei.

Será que está no original? Ou em alguma das milhares de regravações?

A gravação original de "Louie, Louie" (Richard Berry, 1957)


O autor, Richard Berry, a compôs baseando-se na "Havana Moon" do Chuck Berry e em algumas músicas latinas tipo chácháchá e do rythm and blues dos negros. Será que a raiz da subversão está aí - ou na cabeça de gente idiota e paranóica?

Influências do Richard Berry aqui embaixo: Rhythm Rockers, com arranjo de René Touzet ("El Loco Cha Cha"), Chuck Berry ("Havana Moon")

http://www.youtube.com/watch?v=EerYrT-5VVc

Bem, Iggy Pop ficou puto e encheu de sacanagem a letra de "Louie, Louie" em 1976!

Versão de Iggy Pop & The Stooges, álbum ao vivo "Metallic K.O."

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Halley, Halley, Aleluia



Uma segunda-feira cientológica, caríssimos!

Ouso explicar?

"A Era dos Halley", especial de Natal da rede Grobo inacreditavelmente (e ecologicamente!) tosco dos anos 80, a epítome nacional oitentista (explico essa também? - Aretha, Rosana Como Uma Deusa e Halleyfante no mesmo frame do "videoclipe" da maior canção brega infantil do Brasil!!), consegue, com o sangue frio de um assassino serial, o despudor de uma atriz da Boca do Lixo e o eterno mau gosto platinado em nome das criancinhas, transformar a passagem "ficção científica" do Cometa Halley em um evento messiânico-cristão!!! O refrão inspiradíssimo é o título desse post!!!!

 "L-Ron" Hubbard ficaria orgulhoso...

Preparem-se:

"Luz de Mim" (Rosana e Guilherme Lamounier, 1985)

Da próxima vez que o Cometa passar por aqui (se é que alguém já conseguiu avistá-lo mesmo), ele entra em rota de colisão com a Terra.

Só de sacanagem.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Areia, sexo e vodu


Jesus Franco, o lendário diretor de filmes trash-eróticos resolveu revitalizar o significado dessas duas palavras depois de anos criando dúzias de filmes na França, Itália, Inglaterra e Alemanha. Voltando pra Espanha, sua terra natal, ele decide filmar em 1983 a história de uma mulher (a átriz pornô Lina Romay) de férias com o maridão escritor nas Ilhas Canárias, mas cheia de grilos e alucinações eróticas com uma princesa negra.

O que a moça não esperava (aliás, ninguém esperava!) era que esses sonhos faziam parte na verdade do plano maligno da Princesa Obongo (!), bruxa poderosa que prendeu a gostosa recalcada em  uma rede alucinógena psico-sexual (!?) por meio de vodu e macumba (!?!). Pra quê? Para a Princesa Obongo - dona de dois escravos sexuais Poppy e Tulip acorrentados como cachorros com quem ela rotineiramente transa animalescamente nas dunas - conquistar o mundo!!!

Esse é um dos trabalhos mais estranhos de Jess Franco. O nome do filme? Ora, "Macumba Sexual"! É quase um pornô mesmo, e detalhe para a participação do próprio diretor como um doente mental que adverte a protagonista sobre a maldade da princesa Obongo! É, esse nome é maneiro de repetir, não? Mas prepare-se pro choque, caríssimo leitor: princesa Obongo é interpretada por uma transexual!!!

É... macumba, sexo oral em imagens de vodu, escravos sexuais andando de quatro, sadomasoquismo telepático, princesa-bruxa maligna interpretada por um ex-sujeito... esse definitivamente não é um filme família!

Começo do filme (Atenção! Cenas de sexo e nudez!)