quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O disco mais raro e psicodélico do Brasil

Frente do LP original


Verso do disco com as músicas subdivididas pelos elementos

A exumação de hoje, musical, diz respeito a um disco bicho grilo de 1975 do Zé Ramalho com Lula Côrtes.
Todo temático, suas onze músicas estão divididas entre as partes Ar, Água, Terra e Fogo. Esse LP psicodélico pioneiríssimo no Brasil - "Paêbirú" - surgiu da parceria dos dois após Zé Ramalho ter ouvido falar do papel de destaque daquele músico na I Feira Experimental de Música do Nordeste de 1972, que ficou bem mais conhecida como "Woodstock Cabra da Peste".
Em 1974 finalmente se conheceram. A psicodélica obra riponga, baseada no sítio arqueológico da Pedra do Ingá, repleto de complexas, ancestrais e misteriosas inscrições rupestres talhadas num paredão rochoso há muitas gerações e que muita gente atribui a autoria a alienígenas (!), sai um ano depois, com tiragem de 1300 cópias, produzida pelo Estúdio Rozenblit de Recife. Há mais de quatrocentos anos atrás, o capitão de uma expedição de caça a indígenas, ao deparar-se com aquele achado feito por cultura há muito extinta, disse tratar-se de "símbolos de coisas vindouras"...
O problema foi que as "coisas vindouras" vieram, de fato... A passagem em 1975 de uma gigantesca enchente do rio pernambucano, o Capibaribe (que passa pelo centro de Recife antes de desaguar no Atlântico), levou e destruiu todos os vinis, menos cerca de 300 que Lula - o músico, não o presidente (Rá!) - havia guardado em casa. Sabem quanto está valendo um exemplar, caríssimos? Mais ou menos quatro mil reais!
E o que é Paêbirú? Segundo os dois malucos-beleza, partindo de São Tomé das Letras, lugar onde as tais inscrições rupestres misteriosas também se encontram, existe um caminho que conduziria até Machu Picchu no Peru. Essa trilha é chamada pelos índios Cariri de "Peabirú". É ou não é uma viagem hippie completa?

Fogo, No.8: "Nas Paredes da Pedra Encantada":

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