terça-feira, 10 de julho de 2012

O "Blackzorcista"!!



A semana começa na mais pura negritude, caríssimos! Simbora partir pro blaxploitation!


A exumação de hoje é "Abby", um black-plágio de um mega sucesso mega copiado no mundo inteiro! Se "O Exorcista"  de 1973 foi imitado pelos turcos (mas é claro que sim, com o "Seytan"!) e pelos italianos (com o bisonho "Chi Sei?" ou "Behind The Door"), por que um blaxploitation não poderia imitar também? Nem preciso dizer que todas essas três belas pérolas são do ano seguinte ao lançamento do clássico do terror de William Friedkin, 1974!

Mas "Abby" vem com adendos importantíssimos (o diretor dessa tosqueira é o mesmo de "Manitou", filme bizarríssimo cuja resenha ainda estou devendo!): se Max Von Sidow é o padre exorcista Merrin em 1973, em 1974 o religioso que bradará "Sai capeta!" é interpretado por nada mais nada menos que William Marshal, nosso eterno "Blacula"!!!

Outro adendo interessante é o fato dos papéis femininos clássicos de inocentes garotinhas brancas irem parar nas mãos de atrizes adultas no blaxploitation. Lembram-se da Dorothy, caríssimos, que na história original tem seis aninhos, mas que na adaptação black pro cinema virou uma professora de 24 anos, interpretada por uma Diana Ross de 34? Pois "Abby" é a nossa Regan! A garotinha imortalizada por Linda Blair com seus doze aninhos possuída pelo demônio sumério Pazuzu dá lugar a uma dona de casa religiosa e conselheira conjugal, casada com um reverendo! Que é possuída por nada menos que... Exú!!!

"Pra quê sutileza subliminar no terror quando podemos ser toscos?",
pergunta-se Abby.

Nessa versão não temos o vômito-ervilha clássico, mas Abby chega a dar suas babadinhas graças ao efeito especial baixo orçamento obtido com comprimidos efervescentes. Não temos a protagonista descendo assustadoramente as escadas tal qual uma mulher-aranha acrobata do Cirque du Soleil, mas ela foge do hospital durante o obrigatório exame médico empurrando aleijados e chutando doentes. E também não temos a cena chocante da vítima possuída futucando as suas partes pudendas com um crucifixo, mas Abby chega a patolar o padre exorcista!!!! Pois é, Exú faz questão de ser uma entidade bem danadinha! Abby não é uma menina indefesa amarrada na cama, ela é uma adulta possuída e tarada que adora tripudiar de qualquer negão que porventura não seja bem dotado!

Abby põe seu vestido curto e seu blazer de lapela nada discreta e sai dirigindo pela noite! A propósito, nesse plágio não temos a clássica cena da cabeça virando... a lapela colossal jamais permitiria! Mas como se trata de um blaxploitation, uma maria-mole pra quem adivinhar onde nossa heroína endemoniada vai em busca de sexo animal? Numa boate disco, antro da perdição, música negra e amor livre, bicho - é claro! Repleta de garçonetes-quengas de cabelos black power gigantescos e cafetões de óculos escuros e ternos ultra coloridos, sempre com aquele bom gosto característico no modo de se vestir! Afinal de contas, a palavra cafona só será inventada mais ou menos depois dos anos oitenta!

Esqueçam o clímax claustrofóbico do filme original no quarto de clima gélido da menina, pois o duelo apoteótico em "Abby" é na boate de clima disco! Nossa querida protagonista, tal qual Carrie, a Estranha, toca o terror na população andrajosamente vestida, aguardando desafiadoramente a batalha final com o exorcista. Ela faz ventar, solta faíscas, taca fogo no globo luminoso do teto, provoca terremotos, apronta o diabo (!). Frente tamanho poder, nosso exorcista-Blacula se utiliza de artifícios ecumênicos: ele abandona a cruz e apela, se transforma de pastor em pai de santo!!!! Imperdível!!!

Recomendadíssimo para os amantes do trash. Os aficcionados por filmes assim já podem esperar por seu único problema, o aspecto mais assustador num longa de terror desse tipo não é o demônio nem a possessão, mas sim a atuação pavorosa dos atores! E nem se preocupem com o fato de ser plágio, pois segundo as lendas, Bolaños "Chespirito-Chaves" clama há anos que o livro e o filme "O Exorcista" foram plágios de uma idéia original sua de 1973 (!), sobre uma menina possuída que movia objetos e voava sobre a cama!!! Talvez tenha sido do mesmo jeito com "Abby", a imitação acabou saindo sem querer querendo!

Trecho de "Abby", onde a risonha personagem resolve passear à noite
 

 

2 comentários:

  1. Douglas... a cara dessa mulher parece uma versão masi feiosa do máskara !!!!!!!!!!

    Cordeiro Maskarado DisléxicoPreto

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    Respostas
    1. Pois é, Cordeiro, será que teriam coragem (e cara de pau!) de fazer a continuação Bebê Máscara Possuído pelo Demo? Ia ser bizarro!!!

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