terça-feira, 5 de abril de 2011

A vampira assassina e a freira assassina

Quentin Tarantino é o nerd supremo de locadora, e isso não é novidade. Ele é fã de referências, homenagens e citações cinematográficas de filmes obscuros dos loucos anos setenta, especialmente os do tipo exploitation - aqueles recheados de nudez, violência, abusos, sangue, controvérsias e bizarrices que adoramos (confessem, caríssimos!) e povoa as suas produções com elas. E assim, muitas obras dele acabam atingindo o status de cult.

Dessa forma, penso eu, Tarantino vampiriza o caráter cult dos filmes antigos e esquecidos e transfere toda essa "cultice" sugada para os seus próprios. Percebam só que imagem estranha e maneira: Tarantino como um vampiro nerd sedento por conteúdo exploitation...

Mas, por falar em chupadores de sangue, quem não se recorda da maravilhosa "Satanico Pandemonium", a vampira gostosa assassina vivida pela teúda e manteúda Selma Hayek no cultuado filme - mas é claro, vejam como tudo se encaixa, não? - "Um Drink no Inferno" de 1996 - ou o popular "Aberto até de Madrugada" (!), como foi chamado em Portugal -, dirigido por Robert Rodriguez e escrito (e atuado!) pelo Tarantino.



A espetacular dança da espetacular "Satanico Pandemonium" no Um Drink no Inferno (1996)


O nome da maravilhosa vampira dançarina é homenagem e referência ao bom filme de terror mexicano de 1972 de mesmo nome e se trata - vejam só - de um exploitation de freiras! O "Satanico Pandemonium" original vem com uma história lembrando um pouco o excelente e grotesco clássico do horror com freiras "Devils", do também excelente e grotesco diretor Ken Russell (que também fez, olhem só, a ópera-rock "Tommy", exumada logo ali embaixo!).

Sintam o drama: a respeitável e pudica freira Maria, de um convento na época das perseguições religiosas, é tentada pelo diabo e começa a ter toda sorte de alucinações estranhas, sexuais e sangrentas. A partir daí, os espectadores são premiados com lindas cenas edificantes. Temos o lesbianismo softcore entre freiras (uma delas o demônio disfarçado), a tortura da Inquisição, o suicídio de uma freira negra orquestrado pela protagonista endemoniada, a mesma freira endemoniada (agora pedófila) esfaqueando um moleque e incendiando a cabana com ele e a avó dentro...

Esse não é o filme exploitation de freiras mais controverso, impactante ou bizarro (acho o supracitado "Devils" e o mexicano "Alucarda" do diretor Moctezuma bem melhores e bem mais sinistros), mas a diversão aqui também é garantida para toda a família! Tarantino que o diga!


Momento "Devils" do "Satanico Pandemonium"






Dediquemos um momento de serena contemplação à Selma Hayek enquanto o próximo post não vem... 

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