Muita gente acredita em mensagens subliminares impróprias presentes nas produções de longa metragem da Disney. Tabus sociais, sexuais e religiosos estariam escondidos em canções ou em ações de personagens de acordo com algumas interpretações. Muitos desses críticos adoram pausar os desenhos e encontrar imagens consideradas politicamente incorretas.
Parênteses: o termo "politicamente correto", usado na forma atual mais ou menos desde o início dos anos noventa, é uma bobagem sem tamanho e hipócrita até a medula. Vejam só um exemplo bizarro: daqui a pouco será proibido ensinarem na educação infantil a versão agora "incorreta" do bom e velho "Atirei o pau no gato" porque estimularia a violência das crianças contra os animais! Que besteirada deprimente! Papais e mamães preguiçosos e incompetentes nunca são culpados pelo comportamento escabroso dos pequenos, não é verdade?
Mas me afasto do tema principal...
Os estúdios da Disney adoram espalhar aos quatro ventos serem os guardiões dessa babaquice toda e primarem pela exibição nos seus desenhos dos valores morais tradicionais e familiares mais adequados às crianças. Nesses filmes não podem aparecer mensagens de conteúdo impróprio às crianças, como linguagem obscena, insinuações sexuais e preconceituosas. Até aí muito bonito e justo quando posto no papel, porém...
Eis que uma animação de 1996, "O Corcunda de Notre Dame", baseado no famosíssimo romance de Vitor Hugo de 1831, traz o mocinho corcunda, a mocinha bela e cigana e um vilão que é um primor, o juiz Frollo! Tudo de impróprio que possa existir no filme não tem nada de subliminar, mas é a história principal!
O Frollo, esse sujeito "danadinho", queima casebres com camponeses pobres e vivos dentro, assassina a mãe cigana do bebê deformado empurrando-a escadaria abaixo, quase afoga a criança feiosa num poço (mas muda de idéia e a aprisiona na torre dos sinos da Catedral de Notre Dame) e, finalmente, resolve perseguir a cigana gostosa e prometer a liberdade dela em troca de sexo! Tudo isso... para crianças! Com selo de qualidade Disney!
Mas não acaba aí: a canção de Frollo (porque geralmente cada personagem Disney tem uma musiquinha) acontece depois dele tomar um toco bonito da cigana. "Hellfire" ("Fogo do Inferno") é uma das canções mais sombrias de toda a filmografia desse estúdio zelador do "correto". O juiz cristão canta sobre o conflito e a culpa encontrados no seu desejo ardente de transar com aquela mulher e o medo de ir arder no inferno, e resolve queimá-la como uma bruxa se não conseguir comê-la. Sério...
Assistam a seguir "Hellfire" na versão dublada em português (no Youtube tem a versão original, em inglês, claro, e a dublada em alemão, que são maneiríssimas!), onde temos silhuetas femininas seminuas na fogueira, tabus e fetiches sexuais (o lencinho roxo da Esmeralda!), simbolismo cristão, conflitos psicológicos e religiosos, e muito mais para toda a criançada!
Sujeito simpático, não? "Hakuna Matata", que nada...
Tsc... tsc... tsc... deturpando nossos ícones infantis.
ResponderExcluirTsc, Tsc, é? E que tal os ícones infantis deturparem nossas pobrres criancinhas? (Rá!)
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