sexta-feira, 11 de março de 2011

O sapo, esse ser maligno

Muito bem, caríssimos, passados os festejos momescos, vamos continuar com as exumações - é para isso que estamos aqui reunidos, não é verdade? Pois hoje falaremos da maldade em sua forma mais esverdeada - o diabo em pessoa jamais poderia conceber algo tão terrível: o sapo!

Vejam só, meus amigos, os batráquios não estão em muitos filmes - e nem nos desenhos animados, pois as tartarugas aparecem muito mais, ou alguém já ouviu falar dos sapos ninjas? - mas quando aparecem, causam um tremendo impacto, como no filme "Magnólia", aquele em que eles resolvem chover (Rá!):

Seqüência da chuva dos sapos em Magnólia (1999):


Pois bem, os sapos são até pragas bíblicas! Vincent Price, no fantástico "O Abominável Dr. Phibes" - que inclusive foi tema do "The Dark One Podtrash" (http://td1p.com/podtrash-2-o-abominavel-retorno-de-dr-phibes/) - encarna o matador vingativo do título onde cada assassinato tem como tema uma praga divina. O mais curioso é que as mortes causadas pelos demais bichos representantes da ira de Deus - abelhas, morcegos, ratos e gafanhotos - são cometidos pelos próprios. A morte referente à praga do sapo não é cometida por um coaxador verde, mas por uma traquitana mecânica com a forma de um.

Morte da praga do sapo em "O Abominável Dr. Phibes" (1971):


Por que isso aconteceu? Por que o sapo não mata? Será difícil mostrar sua capacidade mortífera? No filme de terror exumado de hoje, "Frogs" (isso mesmo, adivinhão: "Sapos", de 1972), os citados batráquios não matam nem uma única pessoa! Nenhuminha sequer!

Na infinidade de produções de terror com outros bichos assassinos, os bichos assassinam! E tome abelhas, ratos, cobras, cães, tubarões, morcegos e... piranhas do mal! Existe até filme de musaranho assassino ("Killer Shrews", de 1959), aquele roedorzinho ridículo e minúsculo!

No caso de "Frogs", em uma memorável cena, a simpática porém imbecil velhinha apaixonada por catar borboletas no meio do pântano encontra um sapo, o ignora - tola! - e acaba morrendo picada por uma cobra enquanto o maligno marido da rã a encara sem perdão. E logo a seguir um incauto passante encontra também a sua morte... Por picada de cobra? Não! Por um sapo? Mas é claro que não! Ele é abocanhado por um jacaré! Vejam:

"Frogs" (1971):


Todas as outras mortes no filme rigorosamente NÃO são causadas por um batráquio. Até o velhinho da cadeira de rodas morre de ataque cardíaco  no clímax da história.

Mas isso se explica: o sapo das trevas é o mandante, o patrão, o arauto da morte, o chefe do mal que não suja as mãos com sangue mundano; todas as outras criaturas do bosque são os capangas, os paus-mandados! O sapo magnânimo, do alto da sua ruindade, também é um sádico, porque ele te encara e coaxa freneticamente enquanto assiste você morrer!

Querem o exemplo máximo de sadismo e maldade daquele-que-coaxa-e-não-deve-ser-contrariado? Aí está: o desenho animado "One Froggy Evening" de 1955 fala por si só:

One froggy evening




O mal perdura eternamente!

Pôster propaganda enganosa de "Frogs" (nenhum sapo comeu uma mão durante as filmagens):

"Hoje - a poça. Amanhã - o mundo!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário