quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dr. Evil e um milhão de dólares, os reality shows patrocinados e os sutiãs assassinos

Sinopse rápida de "La Decima Vittima" (1965): numa época não muito distante de nosso presente, num mundo psicodélico - o futuro dos anos 60 é muito anos 60! -, Marcello Mastroianni e a "bond-girl" Ursula Andress são os melhores jogadores de "A grande Caçada" (ou "The Big Hunt"), uma competição que é sucesso no planeta todo.

Nesse jogo, os participantes são caçadores ou vítimas (os papéis são definidos por um gigantesco computador suíço falante, estilo computador da Sala da Justiça do desenho trash dos Superamigos!), e precisam matar seus oponentes. Quando o sobrevivente assassina o seu décimo adversário, ele ganha um milhão de dólares, o prêmio sonhado por qualquer habitante daquela década tão especial. Tenho certeza de que Dr. Evil, o arqui-inimigo de Austin Powers, era assíduo telespectador desse programa - apesar de, tecnicamente, o gênio do mal ter vivido nos anos sessenta e esse filme se passar no futuro de 1965, mas isso é um detalhe -, porque seu objetivo de vida sempre foi ganhar essa assombrosa soma em dinheiro:

Dr. Evil também quer um milhão de dólares!


 O interessante dessa ficção científica italiana dirigida por Elio Petri é a sátira sobre a massificação da violência voltada para o entretenimento: o Estado inventa esse "Big Hunt" para acabar com os impulsos sanguinolentos da humanidade e conseqüentemente com as guerras. Qualquer cidadão estressado e com tendências assassinas que gosta de aparecer pode se inscrever em busca do prêmio final. É, caríssimos, esse "Big Hunt" profetizou o "Big Brother" versão tiroteio do terror! A personagem da Ursula Andress ainda recebe uma proposta da poderosa companhia de chá para matar o seu décimo adversário durante as filmagens do comercial da bebida! Atenção para o slogan enquanto ela atira no pobre do Mastroianni: "Beba o Chá Ming e você viverá mais!"

O maneiro desse estiloso filme são as sátiras à violência (em uma cena, um jogador é expulso de um restaurante pelo garçom furioso que não deixa ele atirar ali dentro, e o sujeito sai reclamando que nem velho em fila de banco: "não se pode mais atirar em restaurantes, hospitais, creches, em nenhum lugar, onde é que vamos parar?"), ao estado (o policial multa um caçador porque ele precisou estacionar em lugar proibido para atirar numa vítima) e à cultura de massas (os gibis são considerados o auge da literatura clássica!).

Outro ponto positivo está nas formas criativas de matar dos protagonistas: enquanto Marcello Mastroianni planeja assassinar a "bond-girl" com um trampolim e um crocodilo (!), ela se utiliza do velho truque do sutiã com armas embutidas para despachar um japinha no começo do filme (essa cena foi claramente homenageada na comédia do Austin Powers). A inesquecível e maravilhosa cena de Ursula Andress e seu sutiã fatal o caríssimo leitor acompanha a seguir!

Abertura de "La Decima Vittima" (1965)

https://www.youtube.com/watch?v=axGE8iIgynM


Yeah, baby, yeah!

2 comentários:

  1. Oh, maravilha!
    E viva a evolução da humanidade.
    Ou como diria Elis: "- Ainda somos os mesmos, e vivemos, como nossos pais."

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    1. Ou como diria Austin Danger Powers:

      Yeah, Baby, Yeah!!!

      E que a Frauleine do Dr Evil mande as robôs fêmeas para sempre!!!

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